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Crueldade e perversidade como lógicas

Assisti o discurso do presidente Jair Bolsonaro na terça feira na televisão. Depois, nas aulas de inglês on line, o professor me passou artigos do site da Al Jazeera sobre as posições do Donald Trump. Aí na sexta feira, vi pessoas em várias cidades do Brasil fazendo carreatas contra a quarentena. O argumento de sempre: a economia não pode parar.

E os profissionais de saúde, os cientistas, desesperados, insistem que a única forma de combater o avanço da doença é o isolamento social. Não tem outra. As localidades que fugiram disto entraram em colapso. Milão entrou nesta onda de “que não pode parar”- e a Itália conseguiu superar a China em número de casos mesmo tendo uma população bem menor. E o Estados Unidos, com o seu sistema de saúde privado, vai indo para uma situação catastrófica.

Acabei de ver um vídeo do Guilherme Boulos com o titulo “Por que sou socialista”. A primeira argumentação que ele traz é interessante: porque socialismo significa colocar o valor da vida acima do lucro. Claro que socialismo não é só isso. Mas no capitalismo, o lucro vai se colocando acima das pessoas. Você já ouviu certamente o termo “pessoa jurídica” para designar empresa. Olha só, empresa virou uma “pessoa”. Temos que salvar as “pessoas jurídicas”- mesmo às custas das pessoas físicas.

Mas não é qualquer vida que é descartada pelo lucro. E a galera que saiu em carreata sabe disto. O que eles querem é que os pobres, pretos e pretas, trabalhadores e trabalhadoras que saiam das suas casas, tomem ônibus e arrisquem suas vidas em prol das “pessoas jurídicas”, da “economia”, dos “gráficos sem escala do Sardenberg no Jornal da Globo”. Por que eles não saem dos seus carros? Se é um gripezinha como disse o presidente deles, porque não saem as ruas e abandonam os “bunkers” dos seus SUVs importados com ar condicionado?

Muito simples tudo isto: o capitalismo está em uma das suas crises cíclicas. Como dizia o velhinho alemão, de tempos em tempos, o capitalismo entra em crise por conta do descompasso entre a sua capacidade produtiva e a capacidade de absorção desta produção. A brutal concentração de riqueza e o aumento da miserabilidade vai gerando estas crises. E a única resposta capitalista para isto é, simplesmente, destruir vidas, reequilibrar produção e consumo não aumentando o poder de consumo de quem está excluído, mas destruindo os excedentes – estas pessoas físicas pretas e pobres, estas que estão pondo em risco a vida das “pessoas jurídicas”.

Trabalhem até a morte, pois haverá outros para entrar no seu lugar, este é o pensamento lógico e racional dos comandantes deste sistema. É a banalidade do mal levada as últimas consequências.

O rei está completamente nu. Só não vê quem não quer ou é súdito deste rei. Não é loucura, gente, é simplesmente capitalismo.


Fonte: DCM

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